colaborador Juliano Carrer
- cocalcomunitario@gmail.com
"Desde os primórdios
Até hoje em dia
O homem ainda faz
O que o macaco fazia
Eu não trabalhava
Eu não sabia
Que o homem criava
E também destruía"
(Titãs)
Chegou até minhas mãos o texto "Chantagear seu filho financeiramente é educar?" o que me inspirou a escrever sobre a educação das crianças.Não sei se você leitor/a entrou em contato com uma tabela que está circulando pelas redes sociais em que o pai a utiliza como forma de "educação". Nela o filho inicia com determinado valor de mesada e, a cada coisa "errada" feita, tem seu dinheiro descontado (por exemplo, não colocar o cinto de segurança significa uma perda de R$ 0,75).
Inicialmente, ao ver esta tabela, pensei em se tratar de algo interessante... Algo que ajudaria na orientação financeira de "nossos filhos" (ainda não sou pai, mas coloco "nosso" enquanto participante desta comunidade). Mas ao refletir melhor e ao ler o texto citado acima mudei de ideia.
Queremos realmente treinar nossos filhos para entrar na lógica que impera na sociedade atualmente?
Queremos realmente ensinar que só se deve fazer ou não fazer algo se isso acarretará ganho/perda de dinheiro?
Quem comanda nossa Vida?
O que é essencial?
Se uma criança, fase essa de grande descoberta, apreende que as coisas funcionam em função do dinheiro, já estamos deixando clara a impossibilidade de mudança. Ou seja, estamos adaptando ela para a lógica existente. Nesta lógica vem uma frase que já ouvi algumas vezes: "O mundo lá fora é cruel e precisamos preparar nossos filhos".
Acredito, assim como Paulo Freire, que o ser humano nasce para ser Feliz e, por essa crença, defendo que devemos educar para a felicidade. E "educar" para a adaptação é negar a necessidade de nossas Vidas serem verdadeiramente nossas.
Somos seres feitos para construir e não para seguirmos lógicas e decisões tomadas pelos outros. Logo, preparar verdadeiramente para o "mundo lá fora" é ajudar nossas crianças a encarar de frente a sociedade em que vivem e se desejarem mudarem ela.
Sonho e busco uma sociedade diferente da qual vivemos. Mas para que isso seja possível é necessária a capacidade das pessoas de criar, de mudar.
Simplesmente "educar" pelo dinheiro, porque o mundo é assim, é negar a capacidade humana de transformar. É negar que somos sim capazes de construir um outro mundo, em que o dinheiro não esteja acima da Vida.
Que bom ouvir isso Juliano! Neste mundo já quase não se encontra pessoas que defendam a vida acima do dinheiro, o sonho de transformar.
ResponderExcluirQuero acreditar nisso também, mas às vezes se sentimos tão só nesse sonho que quase somos convencidos de que não vale a pena mesmo, que o dinheiro fala mais alto. É bom saber que ainda existe pessoas que defende esses valores, a felicidade, a justiça.
Ouço também muito por ai, e principalmente no meio escolar, que as crianças tem que estudar para ter um trabalho, para não precisar trabalhar no pesado, para "ser alguém" na vida. Mas, será que o papel da educação se resume a isso, preparar para o mercado de trabalho? E por acaso, o trabalho pesado não é um trabalho digno? Ser alguém na vida é ter uma profissão ou você pode ser alguém sem ter uma profissão? São perguntas que eu me faço.
Quero acreditar que a busca do conhecimento deve ser algo muito mais amplo que simplesmente uma formação profissional, diz respeito ao ser humano na sua integridade e está para além da escola.