colaborador Juliano Carrer
- cocalcomunitario@gmail.com
Finalizei minha especialização em Juventude há alguns anos e o primeiro convite que tive para falar sobre isso foi em uma paróquia (organização da Igreja Católica). Me pediram para conversar sobre a dificuldade de trabalhar com a gurizada na sociedade atual.
A conversa iniciou e a angústia maior eram seus filhos, que estavam longe da igreja. Culpavam a sociedade atual, com toda "essa internet". Fui preparado para conversar sobre as tendências da nossa sociedade, mas frente as angústias apresentadas acabei mudando a direção da conversa.
Deixei que eles falassem e muitas situações foram levantadas. Criticaram muitas posturas dos seus filhos e depois de muito escutar fiz a pergunta: "E que tipo de referências vocês são? Vocês são exemplos para seus filhos? Fazem tudo isso que estão pregando? Não fazem coisas parecidas com as críticas que fazem, como por exemplo a crítica feita as bebidas...?". Enfim, fui perguntando e levantando situações que me surgiam de incoerências nas posturas dos adultos. O resultado foi interessantíssimo e inquietante. Buscavam uma resposta de fora e ela estava dentro deles.
Claro que a referência dos pais ajuda muito, mas não garante que seus filhos os sigam. Existem outras referências, como os professores, seus amigos, seus familiares... Inclusive uma referência, que existe e permeia todas as que citei, é o individualismo, o acúmulo, a superficialidade (referência essa dominante em nossa sociedade).
É preciso tranquilidade também em aceitar que o caminho de cada um é feito por ele mesmo e nos resta tentarmos ser boas referências.
Nesse ponto, queria lembrar de uma grande pressão que as escolas sofrem. Por muitos anos a educação de uma pessoa era atribuída totalmente aos pais e à escola cabia apenas a transmissão do conhecimento. Com o tempo, algumas coisas mudaram, inclusive a lógica de que escola é também espaço educativo, e não vejo isso como um erro. O erro é atribuir apenas à escola esse papel. Todos que permeiam as pessoas são responsáveis por sua formação. Se você é irmão, se é amigo, se é tio, se é professor, se é motorista de ônibus, se é mãe, se é pai... Você é responsável pelos que o rodeiam.
Não interessa onde você está. Escola, em casa, no serviço, na rua... Você deve ser coerente com aquilo que defende. A gurizada não vai seguir pessoas que dizem uma coisa e fazem outra. Se você é pai, por exemplo, e fumante, mas sempre disse para os seus filhos não fazerem a mesma coisa, e eles não fumam, acredite, não é mérito seu, mas de outras referências que não fumavam.
Não digo que só serão válidas referências perfeitas, pois elas não existem. O que digo é que precisamos ser coerentes, se pregamos algo, devemos buscar isso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
As manifestações aqui expressas são de cunho pessoal, ficando a responsabilidade do mesmo ao cidadão, que tem total liberdade de expressão.
Todos os comentários serão postados, desde que não contenham ofensas pessoais.