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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Espaço Educação: Gentileza ou Violência?

colaborador Juliano Carrer
 - cocalcomunitario@gmail.com

Ao ler o texto do meu amigo Rodrigo, aqui mesmo no Cocal Comunitário, e outros textos na internet, confesso que me surpreendi com a necessidade de as pessoas fazerem justiça com as próprias mãos. Inclusive, o que me motivou a escrever essa reflexão foi um compartilhamento de um grupo de motoqueiros que amarraram um homem depois da tentativa de roubar uma de suas motos.

Sempre gostei de filmes e desenhos com super-heróis. Neles, quase sempre estes faziam justiça com as próprias mãos. Fico me perguntando até que ponto foram bons esses filmes para a formação da minha identidade.

Quando entramos na discussão de fatos como esse que aconteceu no Rio, no qual o rapaz negro foi amarrado, é comum a pessoas em defesa da violência perguntarem: "E se fosse com você?”.

E se você fosse roubado? Nasci nessa sociedade e tenho tendências dela em mim, uma é a violência. E ao me imaginar na mesma situação consigo visualizar também o espancamento do rapaz. Mas como disse "nasci nessa sociedade e tenho tendências dela em mim", mas outras influências são a gentileza, a paz, a compreensão e o amor.

Não podemos agir impulsivamente. É preciso racionalizar e optar pelo que é melhor para todos/as e não apenas o que é melhor para mim.

Com esses acontecimentos fui reler a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Direitos esses que para muitos são leis que defendem os "vagabundos". A escrita desses direitos não foram a toa, não foi rápida, não saiu de apenas uma cabeça... Mas nem ao menos paramos para ler e pensar até que ponto são justos os pontos debatidos nessa declaração.

Eu reli e continuei gostando do que li. Mas muito se tem a fazer ainda para alcançá-los.

Justiça com as próprias mãos pode se tornar muito perigosa. Afinal o que para determinado grupo é certo para outro pode ser errado. Nessa lógica o meu grupo poderia violentar um integrante do seu grupo e o seu grupo poderia violentar um integrante do meu grupo, ambos afirmando fazer justiça. Tenho um nome para isso: Guerra.

Cabe entender que quando saímos pelas ruas fazendo aquilo que defendemos ser justo, talvez para outro grupo o que estamos fazendo seja injusto. E aí? O que fazer?

Deixo três sugestões: Leiam a Declaração Universal dos Direitos Humanos, pesquisem sobre o profeta Gentileza (frase célebre dele: "Gentileza gera Gentileza") e leiam o livro "Dos Delitos e das Penas", de Cesare Beccaria (o qual estou ainda terminando de ler, mas que reflete muito o que estamos conversando).

PS.: Assim que terminar a leitura do livro de Beccaria pretendo escrever a respeito.

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