segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Espaço Educação: ONGs – Retomada

colaborador Juliano Carrer 
- cocalcomunitario@gmail.com

Quando conversei no final do ano passado sobre o papel das ONGs deixei uma retomada mais aprofundada sobre isso para depois. Não tenho intenção de acabar toda a discussão do tema, mas o retomo hoje.

Antes, penso ser preciso definir em que grupo as ONGs se enquadram e, para isso, usarei a seguinte separação:
•    Primeiro Setor: Estado (governo).
•    Segundo Setor: Mercado (capital).
•    Terceiro Setor: Sociedade Civil (Resposta intermediária entre o Primeiro e Segundo Setor).

Na sociedade em que vivemos a premissa que impera é a de que o Mercado deve ser livre (sem a interferência do Estado), assim sendo, Estado deixaria de fazer várias coisas, pois controlaria o Mercado. As privatizações são fruto dessa hegemonia, na qual se passa o controle de órgãos, antes estatais, para o capital financeiro. Não cabe aos governos dizer quanto uma empresa vai ou não vai lucrar, mesmo que isto seja a custa de milhares de pessoas.

Até se aceita certa intervenção do estado, mas tal intervenção serve apenas para não deixar o Mercado vir abaixo. Não se reflete as causas da pobreza e das injustiças, a interferência é indiferente a isso. Por exemplo, na última crise financeira o Estado interferiu com verba pública para não deixar grandes bancos fecharem. O dinheiro que não existe pra acabar com a fome no mundo apareceu para proteger o Mercado. Não é a toa que nesta lógica muitos acreditam que programas sociais são absurdos, pois pensam a partir do pensamento dominante, em que não precisa intervir na sociedade, ela se auto controlará desde que seja "livre" pra isso.

Mas qual seria o papel do Terceiro Setor nisso tudo?
Refletir essa sociedade que vivemos e propor instrumentos que não são nem papel do Primeiro, nem do Segundo setor. Mas quem vai dizer de quem é o papel de que?

Aí cabe a reflexão aos grupos de Terceiro Setor (como as ONGs).

O problema é que na lógica dominante o Terceiro Setor vem para substituir o Estado. Alguns "erros" (não para o Mercado) estão presentes nesse mundão afora, como o "Amigo da Escola". Muitos o acham lindo. Mas não seria papel do estado pagar/efetivar pessoas para realizar tais funções? Penso que sim.

Não podemos fingir que os problemas sociais estão desassociados da política econômica. Modificar a atual conjuntura é intervir também na Economia. Por isso, cabe ao Terceiro Setor intervir na lógica dominante e modificá-la e não contribuir pela manutenção das estruturas e lógica atuais.

Então nada de montar ONGs buscando substituir o Estado. Se falta creche no município, então que a ONG que se preocupa com esse tema cobre da prefeitura. Se nas escolas faltam atividades extras (natação, artes marciais...), cobremos que os governos contratem/efetivem pessoas para isso. Se no município não existe espaços de cultura para os jovens, cobremos que estes espaços sejam criados pelo município... Enfim, exerçamos uma cidadania verdadeira atuante, conscientemente neste mundo.

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