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domingo, 2 de março de 2014

Crônica: As goiabas

por Rodrigo Szymanski
 - cocalcomunitario@gmail.com

Hoje fiquei espantado com uma cena que vi. Próximo a minha casa, quase na frente da garagem de máquinas da prefeitura, observei um pé de goiaba. O pé possuía varias goiabas verdes, goiabas no ponto de serem degustadas, goiabas podres no chão. Parei em um ato de extremo rompimento da lei e “roubei” uma goiaba da casa da vizinha. Minha memória me levou a infância neste mesmo bairro. Em épocas de goiaba ou outras frutas o que mais se via era a gurizada “trepada” nos pés comendo frutas retirada direto do pé. Era uma tremenda aventura o risco de escalar as árvores.

Naquele tempo a molecada andava pela rua. Brincava na estrada que virava campo de futebol, frequentava os lotes vagos com matagais, que viravam verdadeiras selvas, e as “cabanas” construídas com muitos desafios. As brigas eram certas, desentendimentos, se ficava de mal por uns dias, mas logo se fazia a pazes e se pedia desculpa, tudo estava certo.

A nostalgia tomou conta de mim, sorri comendo aquela goiaba furtada, senti como se fosse um verdadeiro “delinquente juvenil”. Espero que o “seu delegado” não venha atrás de mim por este crime. Mas a nostalgia me fez questionar a realidade. Onde estavam os meninos? Cadê as crianças na rua? Escutei falar como justificativa que a rua não é lugar de criança. Como não?

Hoje as crianças não possuem as ruas como espaço de socialização. É proibido sair do portão e nem precisa mais proibir, pois a maioria já sabe que não pode sair e ficam ali, no cercado do lote. Pois eu acho que rua é lugar de criança, de jovens, de pessoas... Acho que as goiabeiras devem ser “ocupadas” e seus frutos “desapropriados” para o bem coletivo da meninada.

Segui meu caminho pensando nestas coisas, pois minha infância já passou, e pelo que a memória me brinda, foi uma ótima infância.

Um comentário:

  1. Parabéns Rodrigo!! Ótimo texto, fez lembra a minha infância.

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