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segunda-feira, 26 de maio de 2014

Espaço Educação: escola que não pensa, não educa

por Juliano Carrer
 - cocalcomunitario@gmail.com

Hoje "converso" com vocês leitores sobre coisas que permeiam a vida das escolas: a angústia da desatenção, a angústia da irresponsabilidade, a angústia pelo desrespeito, a angústia pela falta de compromisso com a escola, a angústia pelo uso do celular, a angústia pelo total desligamento da vida escolar... E todas essas angústia são direcionadas ao aluno.

Não se trata de angústias exclusivamente minhas, mas que perpassam o dia a dia das escolas, nas conversas entre os professores.

O que tentarei fazer hoje, nessas poucas linhas, é mudar um pouco o foco das angústias para que elas sejam amenizadas (ou quem sabe até dizimadas).

As angústias surgem, pois não se vê esperança. Se analisarmos os motivos que levam a esses problemas (falta de atenção, irresponsabilidade...) poderemos enxergar as possibilidades de mudança e, consequentemente, teríamos ESPERANÇA. Entretanto não é esse em geral o posicionamento das pessoas. Deseja-se refletir sobre algo com puro sentimento, com um pensar ingênuo (como diria Paulo Freire).

É preciso passar para um "Pensar Crítico", que analisa as evidências e tenta buscar suas origens no passado e presente.

Longe de mim ser detentor das respostas aos problemas citados, mas como pensador faço minhas análises e busco motivos, busco o que realmente deve ser transformado.

Na minha análise: culpamos de mais a gurizada e menos o sistema escolar como um todo. Ao invés de gastarmos energia para modificar a escola, nos desgastamos com a crucificação dos alunos e alunas.

Elenco algumas reflexões, que não desenvolverei totalmente pela limitação de espaço da coluna, mas que em próximas colunas podemos voltar a debater:

Em que na nossa sociedade o individualismo é tendência, logo é "natural" a falta de comprometimento dos alunos com a escola (eles querem saber apenas deles).

Uma outra tendência é o imediatismo, as pessoas em geral não querem saber de coisas que darão frutos apenas no futuro, querem agora. Logo, natural não fazerem tarefa escolar ou estudar se isso não traz benefícios imediatos.

Em nossa sociedade o espaço e tempo se mesclaram. Com o advento da internet e dos computadores podemos estar em mais de um lugar ao mesmo tempo e fazer várias coisas. Logo, como conseguir a atenção de um aluno por 45 minutos (ou mais) sobre um mesmo assunto?

Quando um aluno pergunta "para que serve tal conteúdo", nossa resposta sacia a pergunta feita? Penso que os conteúdos que ensinamos e a forma como ensinamos é autoritária demais. Falamos de uma sociedade democrática, mas na elaboração do programa escolar a comunidade não tem nenhuma participação. Não digo que todas as decisões devam partir dos alunos, pois se assim fosse eles é que seriam autoritários. Reflito sobre pensarmos "jeitos e maneiras" de construirmos juntos com a comunidade seu próprio programa.

Entretanto vivemos numa instituição, a Escola, que possui dificuldades estruturais e intelectuais. Como assim? Faltam condições de trabalho tanto na estrutura quanto na possibilidade de criar alternativas de ensino diferenciadas. Um exemplo bem claro é que a própria gerência de educação encaminha projetos pensados para que apliquemos (autoritarismo!).

Outras reflexões de tendências/causas/problemas deixo para outro momento ou quem sabe para o leitor fazer nos comentários.

Não faço essas reflexões dizendo que precisamos acompanhar as tendências existentes. Faço essas reflexões para que possamos realmente atacar as causas. A ideia é transformar e não se adaptar.

É preciso que questionemos nossas certezas para ir além de "culpabilizar" os alunos e/ou os professores.

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