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segunda-feira, 23 de junho de 2014

Espaço Educação: Feynman e a Educação Brasileira

por Juliano Carrer 
- cocalcomunitario@gmail.com

Inicio com um trecho de um livro escrito pelo físico Richard Feynman, após ter lecionado durante 10 meses para estudantes de Engenharia e Física no Rio de Janeiro (1951 - 1952). Peço que o leitor não interrompa a leitura mesmo não entendendo alguns dos conceitos citados no texto, isso não é o essencial.

“Depois de muita investigação, finalmente descobri que os estudantes tinham decorado tudo, mas não sabiam o que queria dizer. Quando eles ouviram ‘luz que é refletida de um meio com um índice’, eles não sabiam que isso significava um material como a água. Eles não sabiam que a ‘direção da luz’ é a direção na qual você vê alguma coisa quando está olhando, e assim por diante” (FEYNMAN).

Quem conhece um pouco de física ao ler parte do livro vai perceber que o que o Feynman tenta dizer é que percebeu que os estudantes que ele encontrou aqui sabiam responder perguntas conceituais muitos difíceis, entretanto tinham extrema dificuldade em perceber a relação desses conceitos com o dia a dia.

Para que serve um ensino assim? Você estuda um "tempão" e depois não consegue usar o que estudou? É isso? Penso que infelizmente sim.

O físico ganhador do prêmio Nobel estava se referindo a experiências com estudantes universitários. Entretanto essa realidade aparece também antes da universidade. No ensino Fundamental e Médio a "aprendizagem" é pautada na decoreba. E já se passaram mais de 60 anos desde a visita de Feynman.

A preocupação é tanta na simples memorização dos conteúdos, e essa cultura está ainda tão forte, que eu me atrevo a dizer que até mesmo os professores possuem dificuldade em perceber a relação do conhecimento que trabalha com a realidade. Não culpo os professores (e me incluo aqui), pois as próprias formações foram nessa lógica. Eu mesmo na minha faculdade cansei de fazer provas que ainda hoje não vejo aplicabilidade.

Mas não basta dizer que se a formação foi "defeituosa" então não temos o que fazer. É possível sim com estudo, tentativas e muito esforço ir aos poucos encontrando caminhos novos frente a realidade.
Mas chego nesse momento do texto e me pergunto: Você concorda com isso leitor/a?

Para ajudar no posicionamento de vocês eu proponho outras perguntas para pensarem:
Você que passou pelo ensino (fundamental, médio ou superior) lembra do que aprendeu?
Usa o que aprendeu?

E fecho com um trecho da música "Estudo Errado":
"Manhê! Tirei um dez na prova
Me dei bem, tirei um cem e eu quero ver quem me reprova
Decorei toda lição
Não errei nenhuma questão
Não aprendi nada de bom
Mas tirei dez (boa filhão!)"
(Gabriel O Pensador)

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