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quinta-feira, 1 de maio de 2014

Opinião: 1° de Maio, dia de vadiagem...

por Rodrigo Szymanski  
 - cocalcomunitario@gmail.com

Direito a ociosidade, não é direito, mas deveria ser. Tipo, “fica decretado que de hoje em diante todos e todas terão direito a vadiagem, todos/as terão um tempo só para si mesmo”. Já pensou? Sim, eu sei que já tem gente me xingando e louco para escrever ofensas. Mas qual o problema de ter direito a ociosidade/ lazer/ desocupação/ vadiagem/ ao tempo livre? Nenhum, quer dizer...

Em um destes momentos de vadiagem, em uma mesa de bar, debatíamos vários temas, chegamos à greve dos ceramistas, relatos de que a greve não funcionava por que os trabalhadores não aderiram à greve. Uma amiga no tempo da greve disse: “logo que terminar, quem fez greve será demitido, não vale a pena fazer greve”. Na mesa relatavam que vários que criticaram a empresa foram demitidos. Motivos: fizeram greve!

Ah, como é bom ter trabalho digno, pois grevista é vadio, que não quer trabalhar. Trabalho na lógica capitalista “engrandece” o homem. Trabalho na lógica da economia gera lucro. É essencial que exista exploração da força de trabalho dos indivíduos para manutenção do sistema. Uma vez escutei em uma palestra “eu amo segunda-feira feira” e o palestrante dizia que amava a música do Fantástico, pois sabia que teria uma semana de intenso trabalho e isso o deixava vivo. Claro, ele era diretor executivo de uma grande empresa... Não era nenhum operário que sustenta sua família com salário de R$ 1.100, no máximo.

Bom, aqui não estou propondo pararmos de trabalhar, estou propondo um trabalho não alienado. É triste quando os trabalhadores se negam a se juntar aos seus companheiros em uma greve para pedir valorização de salário, ou uma fatia dos lucros da empresa, pois afinal de conta quem gera as riquezas são os trabalhadores. E por que se negam? Pois vivem em um sistema que aliena, claro que entendo que um pai de família tem medo de perder seu emprego. Não teriam os pais de família direito à vadiagem para estar mais tempo com sua família, condições financeiras de passear, de lazer, de ir à igreja, de se dedicar a coisas que geram prazer.

Hoje é 1° de maio, Dia do Trabalhador, e não do trabalho. Em 1886, em Chicago nos EUA, trabalhadores organizaram uma greve pedindo melhoria nas condições de vida como trabalhadores. Em panfletos distribuídos continha o dizer  "a partir de hoje, nenhum operário deve trabalhar mais de 8 horas por dia: 8 horas de trabalho, 8 horas de repouso e 8 horas de educação". Pois é, você que está espantado, se trabalhava no mínimo 12 horas por dia. Nunca os trabalhadores conseguiram uma migalha sem lutas e resistência. Aqueles que hoje negam greves são beneficiados por direitos (férias, décimo terceiro, benefícios) conseguidos com greves, lutas e resistência dos trabalhadores e trabalhadoras.

Hoje, 1° de maio, muitas empresas farão festa, bebidas e churrasco, sorteio de prêmios alegria, alegria. Darão-te o direito a vadiagem neste dia e serão “vadios” contigo! Porém nada muda na vida. Eles amarão segunda-feira por saber que lucrarão e os trabalhadores odiarão a segunda-feira esperando loucamente a sexta-feira ou o dia de folga, para uma vadiagem.

Feliz Dia dos Trabalhadores e Trabalhadoras, porém não esqueçamos as resistências e os direitos que ainda devemos conquistar.


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