por Rodrigo Szymanski
- cocalcomunitario@gmail.com
Direito a ociosidade, não é
direito, mas deveria ser. Tipo, “fica decretado que de hoje em diante todos e
todas terão direito a vadiagem, todos/as terão um tempo só para si mesmo”. Já pensou?
Sim, eu sei que já tem gente me xingando e louco para escrever ofensas. Mas qual
o problema de ter direito a ociosidade/ lazer/ desocupação/ vadiagem/ ao tempo
livre? Nenhum, quer dizer...
Em um destes momentos de
vadiagem, em uma mesa de bar, debatíamos vários temas, chegamos à greve dos
ceramistas, relatos de que a greve não funcionava por que os trabalhadores não
aderiram à greve. Uma amiga no tempo da greve disse: “logo que terminar, quem fez
greve será demitido, não vale a pena fazer greve”. Na mesa relatavam que vários
que criticaram a empresa foram demitidos. Motivos: fizeram greve!
Ah, como é bom ter trabalho digno,
pois grevista é vadio, que não quer trabalhar. Trabalho na lógica capitalista “engrandece” o homem. Trabalho na lógica da economia gera
lucro. É essencial que exista exploração da força de trabalho dos indivíduos
para manutenção do sistema. Uma vez escutei em uma palestra “eu amo segunda-feira
feira” e o palestrante dizia que amava a música do Fantástico, pois sabia que
teria uma semana de intenso trabalho e isso o deixava vivo. Claro, ele era
diretor executivo de uma grande empresa... Não era nenhum operário que sustenta
sua família com salário de R$ 1.100, no máximo.
Bom, aqui não estou propondo
pararmos de trabalhar, estou propondo um trabalho não alienado. É triste quando
os trabalhadores se negam a se juntar aos seus companheiros em uma greve para
pedir valorização de salário, ou uma fatia dos lucros da empresa, pois afinal
de conta quem gera as riquezas são os trabalhadores. E por que se negam? Pois vivem
em um sistema que aliena, claro que entendo que um pai de família tem medo de
perder seu emprego. Não teriam os pais de família direito à vadiagem para estar
mais tempo com sua família, condições financeiras de passear, de lazer, de ir à
igreja, de se dedicar a coisas que geram prazer.
Hoje é 1° de maio, Dia do
Trabalhador, e não do trabalho. Em 1886, em Chicago nos EUA, trabalhadores
organizaram uma greve pedindo melhoria nas condições de vida como
trabalhadores. Em panfletos distribuídos continha o dizer "a partir de hoje, nenhum operário deve
trabalhar mais de 8 horas por dia: 8 horas de trabalho, 8 horas de repouso e 8
horas de educação". Pois é, você que está espantado, se trabalhava no mínimo
12 horas por dia. Nunca os trabalhadores conseguiram uma migalha sem lutas e resistência.
Aqueles que hoje negam greves são beneficiados por direitos (férias, décimo
terceiro, benefícios) conseguidos com greves, lutas e resistência dos trabalhadores
e trabalhadoras.
Hoje, 1° de maio, muitas empresas
farão festa, bebidas e churrasco, sorteio de prêmios alegria, alegria. Darão-te
o direito a vadiagem neste dia e serão “vadios” contigo! Porém nada muda na
vida. Eles amarão segunda-feira por saber que lucrarão e os trabalhadores
odiarão a segunda-feira esperando loucamente a sexta-feira ou o dia de folga, para uma vadiagem.
Feliz Dia dos Trabalhadores e
Trabalhadoras, porém não esqueçamos as resistências e os direitos que ainda
devemos conquistar.
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