por Rodrigo Szymanski
- cocalcomunitario@gmail.com
O Brasil não precisa de pena de
morte, precisa aplicar a “pena de vida” para a população. Não somente os
defensores dos direitos humanos ficam horrorizados com os índices de violência.
Com uma diferença decisiva, somos incentivados por uma parcela da população
(que é contra os direitos hunamos) de muitos políticos, dos formadores de
opinião, da mídia, que somente com violência resolveremos o problema da
violência. A defesa de que o porte de arma garante a segurança dos “cidadãos de
bem” resulta em uma cultura de morte “estou preparado para matar”, criamos o
imaginário da auto segurança. Estes dias assistindo a um telejornal tive a
estranha sensação de ver sangue escorrendo pela tela da televisão, pois pais de
família sentam em seu horário de descanso para assistir “as mortes” do dia.
Esta semana muitos ficaram
indignados com a morte de uma mulher em São Paulo. Foi assassinada pelo povo
que acreditava ela ser o sujeito de um retrato falado de um jornal, que
noticiou o sequestro de crianças para atos de magia negra. Quem matou esta
mulher? (não somente ela, pois foram três mortes por linchamento este final de
semana). Dirão que o povo matou, sim, aquelas pessoas mataram, e sujaram suas
mãos com sangue inocente. Mas o estado matou aquela mulher quando permitiu a ausência
de políticas públicas de segurança. Quando permite uma policia despreparada e
truculenta, quando permite a pobreza, a miséria e a péssima qualidade
educacional.
A jornalista Raquel Sheherazade, do
SBT, quando disse em rede nacional que: “O que resta ao cidadão de bem, que,
ainda por cima, foi desarmado? Se defender, claro! O contra-ataque aos bandidos
é o que eu chamo de legítima defesa coletiva”, incentiva loucamente o desejo de
uma sociedade sanguinária e violenta. E nós faz pensar, quem são estes "cidadão
de bem" que não conseguem ver humanidade nas outras pessoas?
Já não importa se a vítima é
mesmo culpada, já não importa se estamos matando sem provas, sem julgamento,
sem defesa. As (In)justiça com as próprias mãos anula o direito de todos os
cidadão. Legitima defesa é o ato de se defender quando se é atacado, agora
linchamento coletivo é o crime de agir na barbárie. Diz o filosofo Karl Marx, “O
moinho de castigos re-emergiu outra vez dentro da civilização. A barbárie
reaparece, mas criada no regaço da própria civilização e pertencendo-lhe,
portanto barbárie leprosa, uma barbárie que é a lepra da civilização”. Nossa sociedade se encontra doente, leprosa.
De qual civilização estamos falando? Quando
não conseguimos ser humanos em ver humanidade nas outras pessoas?
A barbárie se instala quando acima
de tudo uma classe social, uma raça, uma cor de pele são tidos como os únicos
causadores de morte. E não busco aprofundar para entender onde está o problema.
A violência, a barbárie são criação do sistema capitalista em que vivemos.
Enquanto existir exploração, opressão, divisão; estamos condenados a morte e ao
fim da humanidade.
Mas, e eu, o que faço pela paz e
pela não violência???
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