domingo, 29 de junho de 2014

Reunião encaminha ação junto aos imigrantes na região

por Rodrigo Szymanski e Davi Carrer
- cocalcomunitario@gmail.com

Com a chegada dos imigrantes haitianos e ganenses em nossa região, Cocal do Sul possui um número já considerado de haitianos. A Cáritas Diocesana e a Diocese de Criciúma, realizaram na manhã da última sexta-feira (27/6) uma reunião para refletir sobre a questão das imigrações e encaminhar ações conjuntas com entidades que atuam na área de defesa de direitos. Embora a reunião tenha sido uma iniciativa da Cáritas e da Diocese de Criciúma, a situação dos povos imigrantes é uma realidade que vai para além da Igreja e precisa ser assumida pelo conjunto da sociedade.

O bispo Diocesano, Dom Jacinto Flach, lembrou que a Igreja refletiu e assumiu na Campanha da Fraternidade de 2014, com o tema “Fraternidade e Tráfico Humano” e lema: “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5, 1), o acolhimento e o auxílio aos imigrantes junto com outras instituições. “Um bispo de uma diocese do Acre disse que por sua diocese passam por dia cerca de 2 mil haitianos, que se dirigem para todas as regiões do Brasil e para nossa diocese. Precisamos acolher como Igreja estes irmãos”, disse o bispo.

O presidente da Cáritas Diocesana de Criciúma, Padre Onécimo Alberton, lembrou que a Cáritas é uma organização internacional, que se preocupa com o trabalho junto aos excluídos e necessitados. “Nos deparamos com a situação da realidade dos imigrantes que necessitam de respostas imediatas. No trabalho do dia a dia das paróquias, sentimos a necessidade de um suporte maior aos imigrantes”, conta. A ausência de dados reais sobre o número de imigrantes haitianos e ganenses que chegam por dia na região e as localidades para onde se dirigem é um dos desafios, pois se conta apenas com o relato de pessoas voluntárias, que fazem um trabalho de assistência, porém não existe uma organização macro.

A secretária executiva da Cáritas, Neuza Mafra, apresentou a realidade e um pouco dos desafios levantados pela Cáritas Brasileira: “No caso específico dos haitianos, que vêm do país mais pobre das Américas, a vinda é decorrente do terremoto de 2010. O Haiti tem fortes vínculos com o Brasil, que participa da missão da ONU naquele país desde 2004. Outra motivação é o fato de o governo brasileiro destacar-se no plano internacional, pela defesa de políticas migratórias pautadas pelos direitos humanos, diferentemente da forma restritiva com que os países desenvolvidos atuam nesta área”, comenta.

Para o representante do Movimento Sindical Ailson Tournier, é preciso reconhecer onde estão e como estão vindo estes imigrantes com propostas de trabalho. “Nos preocupamos com o ser humano, em dar condições de vida... Os imigrantes são bem-vindos e que bom que podemos acolher, mas não podemos deixar que existam subempregos e exploração de trabalho escravo”, finalizou.

Encaminhamentos

Na compreensão de que a demanda vai além da Igreja, as entidades reunidas, na intenção de construir um processo de curto, médio e longo prazo, definiram os seguintes encaminhamentos:

1º - A criação de uma comissão formada, inicialmente, pelo presidente da Cáritas Diocesana, Padre Onecimo Alberton, pelo coordenador diocesano de Pastoral, Padre Joel Savio, pelo representante do Movimento Sindical Ailson Tournier, e pelo representante da Amrec e Secretaria de Sistema Social da Prefeitura de Criciúma, Solange Barpp. Serão convidadas outras organizações e instituições para compor a Comissão, como a Unesc e a OAB. Esta Comissão terá, entre suas atribuições, articular a criação de um Fórum específico sobre as imigrações.

2º - Criação do “Fórum de Imigrações”: Esta Comissão já agendou uma reunião para terça-feira, 1º de julho, às 9 horas, na sede da Cáritas.

3º - Realização de um Seminário com a presença: AMREC, sindicatos, igrejas, associações de bairros, Cáritas, clubes de serviço, universidade, Polícia, deputados federais, OAB, Justiça, CRAS, dentre outras organizações, além da presença de imigrantes, que serão chamados pelo Fórum.

Dentre as ações apontadas pelo grupo, e que precisam ser agilizadas, está a de se fazer um mapeamento para a identificação dos imigrantes de modo a atendê-los em suas primeiras necessidades. Algumas paróquias já vêm fazendo ações como acolhimento, doações de alimentos e roupas, aulas de português... Mas existem outros desafios, como as questões jurídicas e questões ligadas às condições de violação das leis trabalhistas e de diretos humanos.

Caso alguma organização ou instituição queira participar dos debates sobre os imigrantes haitianos e ganeses, é possível entrar em contato com a Cáritas Diocesana através do e-mail: caritas@diocesecriciuma.com.br ou pelos fones (48) 3433 1581 e 9928 6992. Endereço: Rua Pedro Manoel Apolinário, 90, Santa Bárbara, Criciúma/SC - CEP 88.804-350.

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