segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Espaço Educação: A competição nas escolas e onde isso nos levará

colaborador Juliano Carrer 
- cocalcomunitario@gmail.com
Qual a sociedade que defendemos?

É muito comum o discurso de que a escola deve preparar para a Vida, e concordo com isso. Mas que Vida é essa a qual falamos?

Penso que o conceito de Vida utilizado nem sempre seja o mesmo, e escrevo hoje em cima de dois possíveis conceitos.

O primeiro é de que a escola deve ser instrumento de adaptação social, em que devemos preparar os estudantes para a lógica existente. Esta, podemos dizer, é capitalista, e como tal extremamente competitiva. Trata-se de um movimento adaptativo.

O segundo conceito parte da possibilidade de que o ser humano tem de construir, de criar algo novo em, que não delimitamos como deve ser seu comportamento, mas sim o ajudamos a escolher seu caminho. Trata-se de um movimento de liberdade, o qual se respeita a escolha de cada um/a.

Incomoda-me a competição trabalhada enquanto valor positivo. Sei que nascemos neste mundo e sofremos influência dele (e como!). Entretanto temos o dever de pensar o mundo em que vivemos, questioná-lo e se posicionar contrário a ele se assim desejarmos.

Perceber que o mercado subordina a Vida é papel fundamental de nós, educadores, e como tal existe a necessidade de contrariá-lo. A escola vai além do ensino de conhecimentos. Somos também referências para essa gurizada, e precisamos nos colocar contra esse desrespeito a Vida humana.

Quando optamos por ensinar nossos alunos que a competição é saudável, defendemos que alguns perdem e outros ganham, defendemos que alguns são melhores que os outros, que merecem mais. E na lógica existente perder significa por vezes (milhões de pessoas...) passar fome.

Essa é a sociedade que defendemos?

Toda competição por si só é injusta, pois compara e ninguém é igual a ninguém. Nossas possibilidades são variadas.

Por exemplo, quando em uma prova de vestibular se pergunta sobre determinado conhecimento e um aluno acerta e o outro não, apenas significa que quem acertou sabia esse conhecimento e o que errou não sabia. Não significa que o que acertou é melhor. Faço até um desafio para você que discorda sobre isso: Podemos pedir para que duas turmas, de realidades diferentes (Rural e Periferia), elaborarem 10 questões abertas sobre a realidade em que vivem e aplicamos essa prova em outra turma da mesma escola (mesma realidade) e em outra escola (outra realidade).

É claro que os acertos serão maiores quando perguntados sobre suas realidades. Nem por isso são melhores ou piores, são diferentes.

Penso que podemos e devemos construir uma sociedade em que a "cooperação" seja a palavra da vez.

Conversar sobre tudo isso me faz lembrar de uma frase, que li quando nas minhas andanças fui visitar um grupo de jovem da Pastoral da Juventude e na parede dizia, "cada um que por aqui passa deixa um pouquinho de si e leva um pouquinho da gente".

Precisamos disso! Precisamos doar um pouquinho da cada e juntos fazer algo diferente. Competir é impor a lógica de apenas um grupo e não de todos, pois quem ganha é que decidi, quem ganha é que delimita, quem ganha impera.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

As manifestações aqui expressas são de cunho pessoal, ficando a responsabilidade do mesmo ao cidadão, que tem total liberdade de expressão.

Todos os comentários serão postados, desde que não contenham ofensas pessoais.