por Rodrigo Szymanski
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Sem dúvida estas eleições foram as mais disputadas da história democrática recente do Brasil. Uma eleição que começou em junho de 2013, com as manifestações populares. Manifestações estas que não queriam a saída do PT ou a entrada do PSDB. Naquele momento, existiam na rua uma disputa de poder ideológico, tanto o PT como o PSDB estavam nas ruas. Talvez, não os partidos, mas os projetos que ambos representam. Daquele momento em diante tudo podia acontecer.
Alguns classificam estas eleições como as eleições da “zoeira”, mas não irei classificar assim, pois creio que a tal “zoeira” é resultado de uma democratização da internet, em que a participação espontânea está aberta a opinião da forma mais leve, porém com fortes mensagens políticas.
Outro fator, foi a morte de Eduardo Campos no início de campanha. A comoção pela morte trágica fez dele um “líder in memória”. Marina Silva, que entrou para substitui-lo, após uma crescente nas pesquisas, despencou para um terceiro lugar.
O segundo turno ocorreu na tradicional disputa entre PT e PSDB, com um gosto de volta dos militantes petistas as ruas e uma adesão da direita ao projeto Tucano. Trouxe um novo fator, a disputa de um projeto para o Brasil. enquanto o PT fez uma guinada de discurso para a esquerda, o PSDB ampliou a adesão da nova direita brasileira. Eram dois projetos de nação, não apenas a disputa de dois partidos. Debates fortemente marcados pela agressividade de ambos os lados.
A democracia garantiu a vitória ao PT pela quarta vez consecutiva e ampliou a oposição politica ao governo do PT. Oposição ao PT bancada e assumida pela grande mídia brasileira, que fez um esforço anti-democratico para tirar a vitória do PT, ao estilo Revista Veja.
Pós-eleitoral, como o pré-eleitoral, trouxe a tona os debates da divisão. Os maiores alvos das críticas foram os mais pobres, os beneficiários do Programa Bolsa Família e, por fim, os nordestinos, que alcançaram uma votação de 70% no PT e garantiram a sua vitória. Agora existe, ou melhor, ressurge o movimento “separatista” de fazer do sul um país. Porém, não é levado em conta que 41% do eleitorado do sul deram seu voto de confiança a reeleição da Presidenta.
Não foi o nordeste e norte que venceram as eleições, foram todo eleitorado do Brasil.
Vejo dois movimentos, o primeiro é o interesse pela política, mesmo que o debate e o dialogo quase não existe. O segundo, e preocupante movimento, é o do preconceito, que traz a tona ódio nas redes sociais e uma falsa ideia de “supremacia sulista”.
Creio que a democracia ainda tenha vencido as eleições e espero que assim continuamos a ser um estado democrático de direito, em que todos posam se manifestar, porém sem ódio.
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