domingo, 1 de setembro de 2013

Opinião: Os médicos cubanos, o preconceito e a elite “desinformada”

por Rodrigo Szymanski
 - cocalcomunitario@gmail.com

A frase “estas médicas têm cara de doméstica” mostra, ainda, o atraso que nosso país vive. Quando, mesmo que neguem o racismo, vivemos em um país extremamente racista e preconceituoso. Ainda existem (em grande escala) os que acham que negros são inferiores, não no sentido prático da palavra, mas em achar que negros e “mulatos” não devem ocupar os mesmos lugares que os brancos, de olhos azuis, com cara “bonitinha” (bonitinha, porque normalmente a beleza negra é linda). Negro é chamado de moreno, por que moreno? Dirão “ah, tenho medo de ser taxado de racista neste mundo corretamente politico”. Não, chamam de moreno com medo de assumir que existe uma etnia negra, um povo negro...

Herança maldita de tempos obscuros, que não se foram... Vivemos em nossa história mais de 300 anos de escravidão, com uma libertação dos escravos por interesses políticos da elite. Não por bondade...

Não considero o PT o suprassumo das mudanças sócio-políticas, mas programas como Bolsa Família, Cotas Raciais nas universidades e muitos outros... são sempre alvos de críticas de uma elite preconceituosa, raivosa, desinformada (desinformada???? ou será que intencional) com os mais pobres e aí os negros. Pois onde estão os negros? Existe uma miopia social, que não enxerga. Em colégios particulares a maioria são brancos e em projetos sociais são negros.

Os negros estão nas favelas, sofrem com a violência e são os maiores índices (sim índices), pois são números sem rostos... Mas as elites acham lícito a polícia entrar em uma favela e matar sem perguntar, matar sem sentido, matar para dar uma falsa resposta de paz e segurança... A morte para o povo negro é liberada sem pudores sociais... Não conscientemente, mas no inconsciente coletivo das elites e até mesmo dos mais pobres sem formação “uma limpeza étnica e social é valida”.

Cadê o Amarildo? Cadê os jovens negros que morrem em extermínio e genocídio neste país? Cadê? A resposta sempre é uma hipocrisia maldita “não trabalha porque não quer”, “se eu consegui porque ele não”, “concorrência justa, todos tem oportunidade”...

Tudo isso para mostrar minha indignação com os preconceitos com os cubanos. O real medo das elites é de que o povo simples e pobre, o povo negro, enxergue no rosto destes médicos com cara de domésticas, uma oportunidade de resistência. Se eles em Cuba podem ser doutor e humanitários, porque aqui não se pode? O medo é o protagonismo dos excluídos...

Não é só porque são médicos Cubanos e não fizeram o Revalida, é por uma história de preconceito, racismo e intolerância da elite brasileira.

Médicos cubanos, sejam bem-vindos, mais que saúde vocês podem trazer a esperança de que é possível o filho de operário, agricultor, sem terra e de negro ser “Doutor”.

Um comentário:

  1. A verdade é que os médicos brasileiros, inclusive os daqui da nossa região, sempre pintaram e bordaram pra cima do povo, se achando "os doutores" e que podiam tratar os pacientes como queriam, trabalhar as horas que queriam, cobrar o que queriam, porque o povo doente é quem precisa deles, ou seja, muita demanda pra poucos médicos. Agora com a vinda dos cubanos se sentem ameaçados, se sentem obrigados a rever os conceitos e saber que o povo já não precisa lhe lamber os pés para ser tratado com dignidade porque já não são mais os únicos.

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