por Guilherme Fabro
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Assisti o filme novamente na sexta e na segunda vez o filme se mostrou ainda mais espetacular. No filme, Theodore (Joaquin Phoenix) vive um momento de crise após a separação de sua esposa Catherine (Rooney Mara). Para driblar a solidão, ele decide adquirir um software que promete proporcionar momentos reais de interação. O sistema operacional, auto denominando-se Samantha (voz de Scarlett Johansson), passa a acompanhá-lo diariamente e logo eles se envolvem. Samantha parece ser aquilo que ele precisa, aceitando-o do seu jeito e preenchendo uma lacuna na vida do escritor que as pessoas “reais” não conseguem.
Tudo é encantador em “Ela”. Apropriando-se de uma temática que nunca sai de moda, os relacionamentos, o diretor, Spike Jonze utiliza a ficção científica para dar o charme e a graça que a história precisa para se diferenciar. Sem inventar conflitos mirabolantes demais, tudo que é visto é absurdamente familiar e isso que torna o filme tão espetacular. Até porque hoje as pessoas estão sempre conectadas, sejam sozinhas ou em grupos, seja em casa ou na rua, aos modernos celulares e seus aplicativos sedutores. Ao mesmo tempo em que a tecnologia aproxima os usuários e quebra barreiras, torna as relações cômodas demais. Às vezes, efêmeras demais. E isso causa um breve esquecimento de como o mundo real funciona.
Independente de Jonze criar como plataforma uma sociedade virtual à frente da nossa, aqui o principal assunto não deixa de ser o amor, as paixões e até mesmo as amizades, todos os sentimentos são tratados nesse filme. Samantha dá a Theodore um novo fôlego, estimulando-o em sua rotina e fazendo-o acreditar no amor. Mas até onde esse sentimento realmente procede? Ela foi programada para corresponder às expectativas de seu usuário, talvez por isso Theodore e os espectadores acreditem naquela relação. E a interpretação de Johansson é essencial para o encantamento da película. Sim, é fácil perceber apenas pela voz da Scarlet todos os sentimentos (alguns confusos) existente na dentro da Samanthe.
Como adicional, Joaquin Phoenix esbanja química com a voz de Johansson, o que exige do seu trabalho como ator um desempenho acima do normal. O trabalho de Jonze com o elenco, uma de suas principais características, se repete aqui com primor. O cineasta consegue arrancar de seu protagonista e de sua dubladora atuações que trazem credibilidade à narrativa..
O roteiro então merece aplausos. Impecável, simples e complexo. Duas horas de filme que passam rápidas graças ao excelente ritmo. Mas a grande sacada do roteiro é a proximidade com a vida real, e não há nada mais satisfatório do que criar essa empatia tão pessoal com o público, que certamente vai se identificar com algum fragmento.
A trilha sonora de Will Butler e Owen Pallett potencializa os momentos dramáticos na qual o filme se baseia e deixa para Theodore e Samantha os momentos belos. Outro destaque é a fotografia, que coisa linda! Sempre potencializando os sentimentos, as cores, elas nos acalmam e não chamam a atenção para que assim possamos focar no que realmente importa. Como lidar com sentimos, afinal somos humanos e somos cheios de sentimentos.
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