segunda-feira, 21 de julho de 2014

Espaço Educação: Montando a Civilização do Amor

por Juliano Carrer
 - cocalcomunitario@gmail.com

Com o medo de quem pouco esteve em cima de um cavalo (duas vezes até esse momento), esse final de semana foi de descobertas.

Perto daqui, na comunidade de Alto Rio Molha, em Urussanga, eu e minha esposa cavalgamos. Experiência linda essa. Meio assustadora para mim, confesso, e menos para ela. Entretanto lá fomos nós. Ora na frente estava seu Carlos, ora eu e o Monarca (cavalo que montava). Subimos morros, descemos, passamos por um pouco de mata. No início o corpo ficava meio duro, o balanço era desengonçado, veio um susto com uma pequena disparada dos nossos amigos, afinal de contas eles precisavam pegar embalo para subir um pequeno morro. Tão lógico, mas o medo atrapalha um pouco a percepção. E iam juntos os cães Fred, Chimbica, Lola e Lassie, corriam longe e voltavam, mergulhavam nos açudes, caminhavam ao nosso lado.

A natureza se fazia completa! Nem só ser humano, nem só animal, nem só plantas, mas sim uma harmonia entre todos.

Como é possível aprender com os outros, sejam eles humanos ou animais. O respeito é essencial, o carinho na lida do animal, as conversas, os olhos nos olhos com certeza fizeram o passeio mais bonito. A sintonia é essencial também, apesar da minha pouca experiência percebi que se acompanhamos o movimento do cavalo, se vamos juntos nessa, as costas não doíam. Quantas vezes não cavalgamos a própria vida “desritmados” dela mesma?

Na cavalgada falei de uma aluna minha que era apaixonada por cavalos e por coincidência era uma das antigas frequentadoras desse local. Se apaixonou não só por montar, mas por seu companheiro de montaria e hoje ambos vivem no mesmo sítio.

Penso que seja essencial isso para uma nova civilização, a capacidade de nos entregarmos aos outros, de nos abrirmos ao desconhecido e de entrarmos em sintonia. Uma Civilização do Amor não pode ser construída com um sobrepondo o outro. Mas pode ser construída quando ambos caminham juntos. Quando o caminhar respeita as minhas e as suas necessidades. Quando a fala e um simples toque já são capazes de sensibilizar o outro, pois se entendem, se comunicam, se respeitam.

Fica a promessa de um retorno e o dever de na próxima levar umas cenouras para meu amigo Monarca.

E também um convite a lerem essa história que encontrei navegando pela internet antes de escrever esta coluna.

"Um homem, seu cavalo e seu cão, caminhavam por uma estrada.
Depois de muito caminhar, esse homem se deu conta de que ele, seu cavalo e seu cão haviam morrido num acidente.
Às vezes os mortos levam tempo para se dar conta de sua nova condição...
A caminhada era muito longa, morro acima, o sol era forte eles ficaram suados e com muita sede. Precisavam desesperadamente de água.
Numa curva do caminho, avistaram um portão todo magnífico, todo de mármore, que conduzia a uma praça calçada com blocos de ouro, no centro da qual havia uma fonte de onde jorrava água cristalina. O caminhante dirigiu-se ao homem que, numa guarita, guardava a entrada.
- Bom dia, ele disse.
- Bom dia, respondeu o homem.
- Que lugar é este, tão lindo? Ele perguntou.
- Isto aqui é o céu, foi a resposta..
- Que bom que nós chegamos ao céu, estamos com muita sede, disse o homem.
- O senhor pode entrar e beber água à vontade, disse o guarda, indicando-lhe a fonte.
- Meu cavalo e meu cachorro também estão com sede.
- Lamento muito, disse o guarda.
- Aqui não se permite a entrada de animais.
O homem ficou muito desapontado porque sua sede era grande.
Mas ele não beberia, deixando seus amigos com sede.
Assim, prosseguiu seu caminho.
Depois de muito caminharem morro acima, com sede e cansaço multiplicados, ele chegou a um sítio, cuja entrada era marcada por uma porteira velha semiaberta.
A porteira se abria para um caminho de terra, com árvores dos dois lados que lhe faziam sombra. À sombra de uma das árvores, um homem estava deitado, cabeça coberta com um chapéu, parecia que estava dormindo:
- Bom dia, disse o caminhante.
- Bom dia, disse o homem.
- Estamos com muita sede, eu, meu cavalo e meu cachorro.
- Há uma fonte naquelas pedras, disse o homem e indicando o lugar.
- Podem beber à vontade.
O homem, o cavalo e o cachorro foram até a fonte e mataram a sede.
- Muito obrigado, ele disse ao sair.
- Voltem quando quiserem, respondeu o homem.
- A propósito, disse o caminhante, qual é o nome deste lugar?
- Céu, respondeu o homem.
- Céu? Mas o homem na guarita ao lado do portão de mármore disse que lá era o céu!
- Aquilo não é o céu, aquilo é o inferno.
O caminhante ficou perplexo.
- Mas então, disse ele, essa informação falsa deve causar grandes confusões.
- De forma alguma, respondeu o homem. Na verdade, eles nos fazem um grande favor.
Porque lá ficam aqueles que são capazes de abandonar até seus melhores amigos..."
(Autor Desconhecido)

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