terça-feira, 19 de agosto de 2014

Opinião: Análise política do "Fato Marina" e a "Era PT"

por Rodrigo Szymanski
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Pesquisa DataFolha 18/8/2014
Com a tragédia que matou Eduardo Campos, ocorreu uma reviravolta no processo eleitoral. Na pesquisa lançada na última segunda-feira (18/8), a então candidata a vice-presidente na chapa de Eduardo, que deve ser confirmada como candidata ao cargo de presidente Marina Silva aparece em segundo lugar, na frente de Aécio Neves, do PSDB. Cabe lembrar quem é Marina Silva, natural do estado do Acre, ela era amiga do ambientalista Chico Mendes, atualmente é evangélica, mas já quis ser freira, foi próxima de Dom Moacyr Grechi, bispo católico natural de Turvo, o qual criticou a sua candidatura a presidência pelo PV em 2010, por acreditar que Marina não tinha estrutura para ser presidente. Foi vereadora, deputada e senadora pelo PT.

O “Fato Marina Silva” traz algumas coisas novas para o processo eleitoral: desde 1994 as eleições eram polarizadas entre PT x PSDB, Marina pode acabar com a polarização se permanecer em segundo lugar e disputar um possível segundo turno com a presidenta Dilma. Marina fez sua trajetória política no PT, foi ministra do meio ambiente do Governo Lula. A disputa de duas mulheres, uma delas negra é o outro fato novo que pode acontecer. Marina é evangélica e pode trazer um novo cenário, tanto de não votos dos católicos se pegar um discurso religioso como de muitos votos evangélicos. Apesar de ser evangélica Marina é oriunda da Teologia da Libertação, uma linha teológica que impulsionou o PT e vários movimentos sociais como o MST e a CUT. Mesmo depois de ter se tornada evangélica nunca negou a influencia e a admiração pela Teologia da Libertação. Marina coloca em debate a sustentabilidade, porém tem apoio de políticos tradicionais, de oligarquias, de herdeiros da ditadura como é o caso dos Bornhausen. Marina tem uma base partidária pequena, alias, nem partido Marina ainda tem, está “emprestada” ao PSB, pois não conseguiu registrar em tempo a "Rede de Sustentabilidade", seu partido sem registro no TSE ainda.

O “Fato Marina” também revela que o PT quiçá se torna o maior partido do Brasil, isso falando em questões históricas, pois mesmo se perder as eleições, o PT criará “uma era PT”, o Partido dos Trabalhadores nasceu no início da década de 1980 como alternativa de esquerda a redemocratização do Brasil. Se analisarmos, do PT nasce sua própria oposição, Marina é originária do PT, e também a oposição a esquerda, pois hoje, além de Marina, os candidatos Rui Pimenta, do PCO; Zé Maria do PSTU; Luciana Genro, do PSOL; Mauro Iasi, do PCB, e Eduardo Jorge, do PV, já foram militantes do PT. Dos 11 candidatos à presidência, sete possuem história no PT, isso é, militaram e foram filiados ao partido.

Em termos de tamanho o PT é o segundo maior partido, perdendo apenas para o PMDB em números de filiados e políticos eleitos. Na lógica política, mesmo que hoje estão todos em diferentes trincheiras, todos nasceram do movimento de redemocratização do Brasil, provenientes do viés da esquerda política.

Estranho isso? Não, creio que existe uma normalidade, pois em outros viés o PSDB é herdeiro do MDB, como o PP, é descendente da arena, partido de situação da ditadura militar da mesma forma, como PSD é uma divisão do DEM, que era o PFL proveniente da Arena.

Cabe lembrar, a morte de Eduardo campos provocou comoção geral, será que Marina Silva consegue garantir esta intencionalidade de votos até outubro?

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