sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Artigo: Cocal do Sul - 23 anos de história e um pouco de política...

por Rodrigo Szymanski
 - cocalcomunitario@gmail.com*

Cocal do Sul está completando seus 23 anos de emancipação política administrativa. Há 23 anos não somos mais uma “colônia” de Urussanga. Cheguei em Cocal ainda quando eramos distrito (desde 2 de janeiro de 1904 somos distrito) e não eramos “do Sul”. Na verdade meus pais aqui chegaram, pois ainda era um bebê de colo, e com isso me sinto um legítimo sul cocalense, pois quando Cocal obteve sua “independência”, eu aqui já estava.

Cocal do Sul e sua história possuem marcas de uma cidade que teve vocação para desenvolver. Vieram os imigrantes (italianos, poloneses e russos), os russos logo partiram... Os poloneses foram mandados embora pelos italianos. Tivemos duas igrejas a poucos metros de distância, uma dos polacos e outra dos italianos, porém o padre era polaco e esta enterrado no cemitério. O papo de preconceito sempre existiu... O povo polonês sempre foi um povo explorado e sofrido, muito mais que a Itália.

Na década de 1980, a década perdida para economia, Cocal ainda distrito de Urussanga, chegaram às migrações, pessoas do interior do Paraná, da cidade de Lauro Mûller, da Pindotiba - interior de Orleans... Os braços fortes dos migrantes que fizeram Cocal ter uma das maiores empresas do Brasil. Nesta onda do êxodo rural a qual cheguei por aqui, meu pai estrava atrás de melhores condições de vida, veio do interior do Paraná para trabalhar.

Foi em 1992 que Cocal teve sua emancipação política administrativa. As elites políticas da cidade queriam mais autonomia. No plebiscito pela emancipação o número de eleitores inscritos foi de 6.109 eleitores. E mais: Votantes: 4.934 eleitores; Sim: 4.888 votos; Não: 41 voto;s Brancos: 3 votos; Nulos: 2 votos. Os dados são do livro de Hilário de Faveri. Aí começa nossas próprias aventuras políticas eleitorais, em cada eleição uma loucura. Da recente história sempre me perco em saber quem foi cassado, quem “traiu quem”, por que Cocal Vive o “Mais do Mesmo” politicamente.
Tito

Na primeira eleição de Cocal, a coligação PMDB/PSDB (Prefeito: Ítalo Rafael Zaccaron; Vice: José Orlei Sartor) fez 2.250 votos e se elegeu a primeira administração do município. O atual prefeito, na época, ficou em segundo lugar, Ademir Magagnin/Nelson da Silva (PDS/PL) fizeram 1.854 votos, Lúcio Dalló/Hilário Ernesto De Faveri (PFL) fizeram 1.482, Armando Serafim/Lauro Rodrigues (PT/PDT) 518 votos. No mandato de Tito, Cocal foi a cidade das flores. Tito é visto como o prefeito que mais fez pela cidade, mas a cidade não tinha nada...
Jarvão

Quatro anos depois o ex-deputado e acionista das empresas Eliane, Jarvis Gaidzinski, venceu as eleições, tendo como vice José Aldo Furlan, na coligação PPB/PFL/PSDB/PDT. Eles venceram a chapa liderada pelo vice-prefeito na época, José Orlei Sartor, ao lado de Valme Carrer - PMDB/PL.

No governo do “Jarvão” Cocal teve a promessa de ser a capital da alcachofra, não vingou muito. Foi criada uma cooperativa de funcionários que foi parar na justiça e até hoje tem processo rolando... Jarvis, que já faleceu, de acidente, é lembrado pela sua simpatia e delicadeza igual a “coice de mula”. O casamento Jarvis e Furlan acabou logo e nas eleições seguintes os dois se encontraram em trincheiras diferentes - era o Colono contra o Empresário.
Furlan

A terceira eleição Furlan o Vice-prefeito com a coligação PFL/PMDB/PPS/PDT, derrotou a reeleição do Prefeito Jarvis, com coligação PPB/PSDB/ PTB/PL. Para quem não lembra esta foi a eleição do “Pão com salame”, das “cervejadas” de graça dos comícios diários, das brigas das mulheres com bandeiras Azul do Jarvis e Amarela do Furlan, a eleição do caminhão com uma arvore e o prefeito eleito sujo de barro, até dizem que a sujeira se manteve até a cassação do prefeito e Vice José Ivanor Zanette. Deste período administrativo lembramo-nos das trocas de prefeitos, ninguém nunca sabia quem era o prefeito em exercício...

Jarvis Filho
Na quarta eleição Jarvis Gaidzinski Filho, o filho do Jarvão, chegou desconhecido na cidade e foi eleito prefeito - tinha como vice Nilso Bortolatto. Ele concorreu contra o ex-vice-prefeito José Orlei Sartor, o qual novamente saiu derrotado. O carma de Orlei ser prefeito era os “Jarvis’s”. Jarvinho, como era conhecido, ainda estava na era “caça aos prefeitos de Cocal” e também foi cassado. Seu vice, Nilso, assumiu como prefeito, porém nos últimos meses Jarvinho reassumiu a prefeitura via ordem judicial. Dizem as más línguas, que Jarvinho foi cassado com a ajuda de seu próprio partido...

Nilso
Nas eleições seguintes Nilso, do PSDB, que já havia sido prefeito, venceu as eleições tendo como vice o PP, partido do prefeito cassado anteriormente. Contra ele estava Nelson da Silva, agora pelo PMDB, e dona Aninha que é a atual vice-prefeita da Cidade. Nilso venceu as eleições e não foi cassado como alguns esperavam... Acabou a era de “caça aos prefeitos”. Esta gestão vai ser lembrada pelos não-acordos com os professores e os 22% de perda salarial, além das dividas no final da gestão...

E chegamos às ultimas eleições, de 2012, Nilso queria ser prefeito de novo, mas a justiça entendeu que ele assumiu como prefeito anteriormente e não poderia ir para o terceiro mandato. O acordo de bastidores era para que o PP fosse cabeça de chapa e o PSDB vice. Os tucanos não fecharam o acordo, o PP lançou o candidato Ademir Magagnin e Aninha (PSD), e o PSDB Vicente e Moisés. Ademir levou as eleições e virou o atual prefeito... Tiveram outros candidatos nestas eleições, à chapa do PMDB, com Comim/Gaidzinski, e o ex-prefeito Furlan, no PDT, que saiu coligado com o PT (Luciano). Não sabemos ainda qual será a marca do prefeito Ademir, porém eu sou capaz de apostar que será a “pavimentação”...
Ademir

A história continua, os enredos, tramas e dramas continuaram... Hoje já temos novos imigrantes, agora negros, vindos do Haiti, fazendo de Cocal seu lar... Novas imigrações, novas histórias...

Cocal do Sul. Parabéns pelos seus 23 anos de história própria.

*Como historiador, penso seriamente em um dia registrar esta história política em um livro, com um olhar critico e ácido.

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