domingo, 28 de setembro de 2014

Opinião do Leitor: Aborto sim

por Priscylla Piucco*

É hoje, dia 28 de setembro, o Dia Latino-Americano e Caribenho pela Descriminalização e Legalização do Aborto. Esse dia foi escolhido no V Encontro Feminista Latino-Americano e do Caribe que aconteceu na Argentina, em 1990, para marcar a luta das mulheres pela descriminalização do aborto.

Criminalizar o aborto, ao contrário do que muitos pensam, não gera efeito direto algum no número de abortos. As mulheres continuam abortando, a diferença é que ao criminalizar, estamos matando milhares de mulheres pobres que se submetem a procedimentos pouco confiáveis, enquanto esposas, mães de família, e até mesmo cristãs, abortam em clínica especializada e sobrevivem. Criminalizar o aborto é matar as mulheres.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, que inclusive se posiciona a favor do abortamento seguro e legalizado, são de que a cada ano cerca de 208 milhões de mulheres ficam grávidas, dentre ela 123 milhões têm uma gravidez desejada levando a um nascimento com vida, ou a um abortamento espontâneo ou a uma morte fetal intrauterina, os outros 85 milhões não são desejadas. Dessas 85 milhões, a estimativa é de que 26 a cada 1.000 mulheres induzam o aborto, na faixa etária que vai dos 15 aos 44 anos de idade. Esses dados são internacionais.

A Pesquisa Nacional do Aborto, realizada pela Universidade de Brasília com o apoio da Agencia Ibope Inteligência e do Ministério da Saúde, traçou o perfil da mulher brasileira que aborta e este vai, muito provavelmente, chocar sua crença de quem aborta. A mulher brasileira que aborta tem de 25 a 34 anos, mais da metade ganha de 1 a 5 salários mínimos, 65% é católica, 81% já tiveram filho e 64% são casadas. Surpreendente, né? Não são as moças ‘perdidas’ que têm relações sexuais com parceiros diversos e não ‘se cuidam’ que mais abortam e sim mães de família, católicas, com renda própria.

Outros importantes pontos são as informações que são repassadas nas redes sociais e acabam sendo internalizadas no senso comum: o apoio à legalização do aborto não é o apoio à prática deste, assim como a luta pelo aborto legal estabelece um período até no qual é seguro realizar o procedimento e é de 12 semanas, conforme consenso do Conselho Federal de Medicina.

É necessário descriminalizar o aborto, pois é uma questão de saúde pública. Chega de matarmos mulheres, lutemos pela descriminalização do aborto!

* este artigo é de inteira responsabilidade do assinante, não tendo o site responsabilidade sobre o conteúdo. O texto está na íntegra e não sofreu alterações, conforme o leitor enviou.

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